ESQUERDA CADA VEZ MAIS FRAGMENTADA.

Desde o início da gestão de Dilma Rousseff, o PDT tem tido algumas desavenças com o governo.
Elas se acirraram na ocasião da votação do valor do salário mínimo na Câmara dos Deputados.
O valor defendido pelo partido não correspondia ao defendido pelo governo.
Mas não é só isso. A situação se agrava quando se leva em conta que o Deputado Paulo Pereira da Silva, um dos nomes fortes do PDT, é também o Paulinho da Força, central sindical que fez questão de apontar o fato de um governo dito de esquerda não estar ao lado dos trabalhadores na luta pela valorização do salário.
Resultado: A Presidente Dilma Rousseff concluiu que o PDT não é leal ao governo e cogita até mesmo retirar o pedetista Carlos Lupi do Ministério do Trabalho.
Enquanto isso, a imprensa informa que nesta semana o líder do PDT não foi convidado para uma reunião com a Presidente. Todos os líderes dos outros partidos aliados foram chamados.
O PDT tem dito que continua aliado ao governo, mas que não é subordinado e que, portanto, não pode, simplesmente por ser aliado, abandonar sua linha programática de valorização do salário mínimo apenas porque o governo assim deseja.
Essa alegação tem toda a lógica do mundo, mas o governo crê que o argumento da linha programática é uma balela. O PDT estaria mesmo é tentando barganhar mais espaço e vender caro seu passe, ameaçando se aproximar da oposição que, por sua vez, está louca para ter um ponto de contato com o sindicalismo e romper o monopólio de PT e PC do B nesta área.
A última declaração de Paulinho da Força dá o tom do distanciamento atual:
“O PDT tem um programa histórico, sempre defendeu os direitos dos trabalhadores, e se o PT abandonou os trabalhadores, a culpa não é nossa. Manda o PT se foder. Estou de saco cheio deles já.”
Fica nítido que o Deputado está cansado de ver o PT tratar os partidos aliados como subalternos. E que por mais que possa haver uma tentativa de mostrar poder de fogo para cobrar mais fatias do governo, há algo mais nessa cizânia.
Quem sabe pode até existir um reflexo de protestos recentes da família de Leonel Brizola, que reclama que o PDT tem se afastado dos ideais do já falecido ex-Governador pedetista e se peemedebizado.
No fim das contas, esse tipo de rusga é comum em qualquer coalizão em qualquer país do mundo. Acontece que ela pode ou ganhar corpo ou ser minimizada. O Presidente Lula trazia essas questões para si, matava no peito e o governo seguia em frente sem maiores tensões.
Com Dilma é diferente. A Presidente pune quem a pressiona.
E Aécio Neves sorri de olho na possibilidade de ter uma fatia do sindicalismo ao seu lado em 2014.

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