48 anos de soberania
É por demais leviana a expressão do jovem, no que concerne a reformas radicais de caráter aparentemente justo, quando lhe é cabível demonstrar a sua tentativa de exercício da cidadania. Não vos tento dizer que a movimentação pós-púbere não é dotada de significado e importância, – muito pelo contrário – visto quantas conquistas tais civis almejaram a obter e realizaram-nas. Não obstante a isso, cabe-me, devidamente por atravessar a juventude, afirmar que o espírito juvenil é, em grande parte das vezes, tão passional a ponto de ser pautado em utopias fantasiosas quanto tão ignorante por considerar via exclusiva de fatos, de provável maior veiculação em meios acadêmicos e de comunicação mais populares. Quão tolo é aquele que acredita estar progredindo enquanto vive de máscaras e bordões! Quão infantil é o desordeiro cujas soluções lhe parecem ser a alma da desordem! Pois que me comprometo, aqui e agora, a apresentar o outro lado da história, a mostrar meu peito para que os críticos trabalhem e para que os reacionários animem-se, para que os brasileiros pensem – como bem quiserem, sem medo de errar – e repensem seu passado, para que o vulgo tenha contato com o que nunca teve, ou sempre desprezou na iminência de saber.
Cabe ressaltar que no Brasil de hoje, nação em processo de consolidação democrática, economia aberta e sem ameaças diretas de qualquer espécie de golpe, o regime em vigor apresenta-se como melhor e única das alternativas visando à manutenção da ordem no Estado brasileiro. Qualquer situação tem de ser analisada sob o contexto de então, sob as alternativas possíveis, sob o que pretendido, sob o espectro mundial vigente. E, infelizmente, no universo político de pleno funcionamento não é lícito se apegar a particularidades ou a quaisquer empecilhos através dos quais a anarquia propagar-se-á. Todo sistema de governo acarreta transgressões no que diz respeito aos direitos humanos – ainda não conseguimos alcançar um patamar de perfeição. Por natureza, preponderantemente sistemas autoritários. Ainda assim, por mais árduo que seja tentar justificar, a Revolução Redentora de 31 de março de 1964 deu início ao mais pacífico governo autocrático de direita na época: em 21 anos, 380 mortes no Brasil e cerca de 2.000 casos de tortura, isso num território de dimensões continentais e já com centenas de milhões de habitantes; foram 2.000 mortes no Chile, 30.000 na ditadura argentina. Terrível, sabemos. Já nas ditaduras de esquerda, foram 8.000 mortos em Cuba, mais de 700.000 na Repúbica Popular chinesa, cerca de 1,2 milhão em Camboja – apenas para citar alguns. Ademais, de 1964 até 1968 foi época de plena paz e desenvolvimento. Havia, e ainda houve depois desses anos, como reagir ao que foi imposto de forma democrática. O que não houve foram atos legais (nem seriam nos dias atuais) por parte da guerrilha armada. Resultado: aumento da repressão e de seus Atos Institucionais. Não me parecer difícil imaginar o que aconteceria caso este país caísse noutras mãos, não é mesmo?
Pois bem, há quem sustente a tese de que não houve alguma tentativa de tomar o poder por partes dos comunistas, frase que é repetida inexaurivelmente pelos meios de comunicação, pelos artistas libertários (não nas vias econômicas), pelas barbas de professores de história, geografia, sociologia. Por formadores de opinião alastrados por esta terra. Porquanto que o jovem, o qual se empolga em suas aulas puramente ideológicas (o que é um fenômeno de natureza totalmente compreensiva), ao ouvir e ler arte contestadora e sem fins consideráveis (reitero), ao assistir à programação de interesses maiores do que eles podem imaginar, padecerá nessa opinião infundada. O Brasil fora peça imprescindível, no qual dever-se-ia optar entre o azul e o vermelho. O azul vencera, aqui e no mundo, o contexto mudara, também em ambos, e o que restou aos rebeldes foi a adaptação forçada à Nova Ordem, e, sendo assim, muitos tornaram-se adeptos à social-democracia. Não há mal, já que assim o equilíbrio democrático poderia – e, graças à vitória capitalista pode – fazer parte de uma realidade por muitos sonhada. Exemplo de material concreto sobre:
“No caso de derrota do nosso movimento, os reféns deverão ser sumária e imediatamente fuzilados. (...) A escassez inicial de armas poderosas e verdadeiramente militares será suprida pelos aliados militares que possuímos em todas as Forças Armadas, notadamente, nos Grandes Centros, como Guanabara, Pernambuco, especialmente nos Estados do Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, além do Corpo de Fuzileiro Navais, que nos fornecerá, de imediato, para a Ação Libertadora da Guanabara, o material potencialmente necessário.” (Parte de dossiê tocante aos G11, encontrado em 2009, divulgado pela Rádio CBN – palavras do aclamado democrata gaúcho Leonel Brizola)
Há uma infinidade de fontes a mais, basta procurar. Poderia discorrer muito mais sobre, a exemplo do fato do aumento da desigualdade social. Sim, houve. Todavia, todos foram beneficiados: a questão é que uns mais do que os outros. Abstenho-me aqui e vos digo: basta o jovem ser mais racional do que a primeira impressão natural lhe permite, usar mais da observação detalhada. Caso não o faça, ou não as acrescente às suas ideias... viva a liberdade! Entretanto, não me parece um espírito maduro nem científico aquele de conclusões precipitadas e argumentos de natureza animal. Quero apenas justiça na história. Se pude contribuir, agradeço. Se não o fiz, agradeço também! Resta um apelo: jovem, ama teu país. Não te deixes enganar, não percas teus princípios. Honra tua família, tua pátria, as boas ações e os bons sentimentos. Conserva o que é base e muda o que está errado. Esse é um caminho oferecido pelo Partido Progressista, uma mudança limpa, justa, democrática! Trabalha na paz e por ela, sê progressista! Não desperdices a soberania conquistada pelo autoritarismo, faze dela o motivo da tua luta por um Brasil mais brasileiro, com pequenas desigualdades e grandes equidades!
E àqueles que reconhecem, dentro de nossa liberdade de pensamento: Viva a Revolução Redentora de 64!
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